Realça-se, por um lado o carácter incapacitante da doença e por outro, o seu carácter deformador da imagem corporal: emagrecimento acentuado, incapacidade motora e sensitiva dos membros, alterações tróficas da pele, diarreias incontroláveis, incontinência urinária, impotência sexual, a medida que a doença evolui também retração da vida social, profissional e familiar (referida anteriormente), a doença vai ganhando espaço. Têm sido efetuadas várias tentativas para estadiar a doença, considerando a evolução dos diferentes componentes da polineuropatia, com graduações múltiplas, em sintonia com o grau de compromisso motor e sensitivo, como se pode ver nas tabelas 1 e 2. Outrora, houvera também tentativas para se efetuar uma escala que combinasse sinais e sintomas resultantes da neuropatia sensitiva e motora com elemento provenientes do exame neurofisiológico.
Estas escalas não só apresentam vantagens como também inconvenientes. No que diz respeito às vantagens permitem-nos determinar rapidamente sinais e sintomas a partir do exame físico, não exigem exames subsidiários adicionais, são muito úteis na classificação de grande número de doentes. Porém, não devem ser utilizadas em decisões importantes tais como, a inclusão ou exclusão hepática.
Em relação aos inconvenientes denota-se a quase ausência de valor atribuído à disfunção autonómica em particular a nível cardiovascular. Também não é considerada a existência da hipotensão ortostática que tem repercussões significativas no componente adrenérgico a nível vascular, não considerado nas escalas referidas.
Contudo, é necessário mais apoio psicossocial, esta é uma doença multifacetada.
De entre os mais de 100 pontos de mutação ou delecção no gene da TTR, 13 correspondem a formas não patogénicas. As restantes mutações amiloidogénicas, induzem no paciente, uma forma de PAF, que pode apresentar alguma heterogeneidade clínica. A maioria das mutações da TTR podem ser classificadas como neuropáticas, envolvendo o SNP, sendo que a mutação V30M da TTR, responsável pela PAF tipo I (tipo português ou de Andrade) é a mais comum.
Existem contudo, algumas mutações da TTR que não são responsáveis por alterações neuropáticas, mas que induzem outro tipo de alterações, como: cardiomiopatia; deposição de TTR no Vítreo; envolvimento Leptomeningeo.
A PAF tipo I manifesta-se na idade adulta, verificando-se alguma variação intra-familiar, na idade de início. Na forma portuguesa da doença, a idade de inicio é precoce, em média 33,5±9,5 anos, caracteriza-se por uma penetrância completa (nos focos da doença inicialmente descritos) e mostra um efeito de antecipação, podendo o gene passar mais do que uma geração sem se expressar clinicamente ou haver um efeito cumulativo da antecipação.
As formas de início tardio (após os 50 anos de idade), tendem a ocorrer fora dos focos de doença inicialmente descritos como endémicos e manifestam penetrância incompleta. Nestes casos os sintomas podem não ser aparentes mesmo em pacientes na sexta e sétima década de vida.
Na Suécia, os casos descritos apresentam início tardio e penetrância muito reduzida. No Japão, foram descritos (nas cidades de Arao e Nagano, já anteriormente referidas) quadros clínicos semelhantes, mas com formas de início precoce.
A “dosagem genética”, parece não afetar a idade de início da expressão clínica da doença, dado que indivíduos homozigóticos podem apresentar-se assintomáticos, até a idades tardias.
Importa sublinhar, alguns aspetos referidos anteriormente: há influência entre o sexo do progenitor transmissor da doença e a idade de apresentação da mesma, conduzindo a transmissão materna a um início mais precoce e a paterna a um início mais tardio; os filhos de mães com esta doença, manifestam-na mais cedo, enquanto que as filhas de pais com a doença, a manifestam mais tardiamente; e por último, as mulheres manifestam a doença mais tardiamente.
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