Sendo esta uma doença genĂ©tica, com 50% de probabilidades de ser transmitida Ă descendĂªncia. O aconselhamento genĂ©tico Ă© valioso para quem sofreu ou estĂ¡ em risco de vir a sofrer de doenças genĂ©ticas. Contudo este aconselhamento tem que ser muito rigoroso e cuidado.
O aconselhamento genĂ©tico Ă© uma resposta a questões colocadas face a um risco de doença de origem genĂ©tica. Abrange o diagnĂ³stico, a derivaĂ§Ă£o da probabilidade, o aconselhamento informativo, o aconselhamento de apoio e o encaminhamento. Temos sempre que ter presente que lidar com doenças genĂ©ticas Ă© lidar com famĂlias.
A informaĂ§Ă£o proveniente dos membros da famĂlia Ă© importante no aconselhamento genĂ©tico. Saber ou nĂ£o saber, Ă© sempre uma questĂ£o de difĂcil soluĂ§Ă£o, sobretudo por ser esta uma doença em que os resultados nĂ£o afectam sĂ³ o prĂ³prio.
Sendo uma doença com 50% de probabilidades de ser transmitida Ă descendĂªncia, realizar o teste predictivo Ă© como jogar na roleta russa.
Conversar com um conselheiro experiente e hĂ¡bil, perito, pode ser um dos caminhos para que toda a famĂlia com PAF possa ser “chamada” Ă realidade e poder tambĂ©m aumentar os seus conhecimentos sobre a prĂ³pria doença e a forma como se transmite, permite-lhes ainda ouvirem-se entre eles, fazerem-se ouvir e ouvirem os seus prĂ³prios medos e temores, bem como o suporte emocional e a abertura de canais comunicacionais entre os membros da famĂlia.
O contexto da assistĂªncia clĂnica aos doentes paramiloidĂ³ticos, mudou muito desde a introduĂ§Ă£o do transplante hepĂ¡tico como tratamento etiolĂ³gico da PAF. Os doentes tĂªm agora, uma perspetiva de vida mais longa e com melhor qualidade. Contudo, continuam a ser doentes crĂ³nicos, que consigo transportam mĂºltiplas incapacidades e como tal, necessitam de tratamento.
O transplante hepĂ¡tico veio retirar Ă PAF, o seu carĂ¡cter progressivo e necessariamente fatal. Veio tambĂ©m acrescentar outros riscos e problemas.
Para alĂ©m desta problemĂ¡tica, nĂ£o podemos esquecer que uma percentagem considerĂ¡vel de doentes, nĂ£o quer ou nĂ£o pode ser transplantada.
Uma adequada abordagem a este tipo de doentes, carece de uma equipa multidisciplinar, preparada e motivada para dar resposta aos mais diversos problemas que vĂ£o surgindo. SĂ³ assim Ă© legĂtimo lançar o desafio ao doente com PAF, de se manter ativo e participativo, na sua vida familiar, profissional e social, com uma atitude positiva, ultrapassando os dĂ©fices e dificuldades Ă medida que vĂ£o surgindo.
Os doentes devem ser ensinados a viver com os seus problemas, minorando-os e prevenindo complicações. Estes sĂ£o alguns dos cuidados que aos doentes com PAF devem ser ensinados:
- Promover uma alimentaĂ§Ă£o adaptada Ă patologia, contrariando a anorexia, o enfartamento, a obstipaĂ§Ă£o ou a diarreia. Uma melhoria do estado geral, ainda que diminuta, pode, nestes doentes ser crucial.
- Prevenir queimaduras e feridas. A neuropatia sensitiva associada Ă neuropatia autonĂ³mica com alteraĂ§Ă£o da vasomotricidade perifĂ©rica, predispõe Ă ocorrĂªncia de queimaduras graves e outras lesões.
- Proteger o olho. A neuropatia autonĂ³mica, associada Ă deposiĂ§Ă£o de substĂ¢ncia amilĂ³ide na glĂ¢ndula lacrimal conduz Ă ausĂªncia de lĂ¡grimas na superfĂcie ocular, fenĂ³meno que estĂ¡ associado ao desenvolvimento de Ăºlceras da cĂ³rnea.
A utilizaĂ§Ă£o de lĂ¡grimas artificiais e o encerramento do olho podem mostrar-se decisivas na prevenĂ§Ă£o deste problema.
- Controlar a hipotensĂ£o ortostĂ¡tica. Os doentes devem ser ensinados a levantar-se devagar, a evitar refeições abundantes, a repor perdas hĂdricas, a elevar a cabeceira da cama, na tentativa de combater a hipotensĂ£o ortostĂ¡tica.
- Prevenir o agravamento da bexiga neurogĂ©nea e as infeções urinĂ¡rias. Como os doentes deixam de sentir necessidade de esvaziar a bexiga, tendem a acumular volume em excesso. É portanto necessĂ¡rio promover o esvaziamento regular e completo da bexiga.
- Manter a atividade fĂsica. O exercĂcio agrava a dor neuropĂ¡tica. É por isso necessĂ¡rio um forte trabalho de motivaĂ§Ă£o, junto destes doentes, para que façam algum exercĂcio fĂsico, ainda que por curtos perĂodos, mas de forma regular, atrasando desse modo a perda de forças e prevenindo os problemas associados ao sedentarismo.
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