A PAF era considerada uma doença tipicamente portuguesa, contudo agora encontra-se espalhada um pouco por todo o mundo. Os maiores focos localizavam-se no litoral norte do país: Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Matosinhos e Porto; mas existem núcleos de doentes noutras áreas como Barcelos, Figueira da Foz, Unhais da Serra e Lisboa.
No concelho da Figueira da Foz, a PAF aparece no princípio do século XVIII, trazida por naturais da Póvoa de Varzim, aquando das trocas comercias relacionadas com a construção do porto e da fortaleza desta cidade.
A PAF, parece ter surgido nos finais da 1ª dinastia, princípios da 2ª, no litoral norte, mais precisamente na Póvoa de Varzim. Esta doença que acometeu pela primeira vez um habitante desta zona, devido a uma mutação genética no genoma desse indivíduo, erro esse que se foi transmitindo de pais para filhos por muitas gerações até aos nossos dias. Esse primeiro paramiloidótico viveu na área da Póvoa de Varzim nos finais do século XIV e princípios do século XV e os seus descendentes, ao cabo de alguns séculos fixaram-se em diversos pontos do país e do mundo. Em todos os tempos as pessoas e populações se mobilizaram de umas localidades ou regiões para outras.
Conforme já foi referenciado a existência da PAF, remonta aos primórdios do séc. XIV e terá surgido no litoral norte, em particular na Póvoa de Varzim, na comunidade piscatória de Caxinas, espalhando-se de seguida por todo o país e algumas partes do mundo.
O geneticista "Klein" aventa a hipótese de a mutação ter ocorrido há cerca de 500 anos na região de Póvoa de Varzim/Vila do Conde e de o gene mutante ter progredido pelo litoral a norte e a sul desta região até à Figueira da Foz, de se ter infiltrado para o interior atingindo Unhais da Serra, freguesia do concelho da Covilhã, e depois de ter inflectido em direção a Lisboa.
A enorme concentração de doentes com Polineuropatia Amiloidótica Familiar, mais vulgarmente conhecida por Paramiloidose, na região litoral norte de Portugal constitui uma circunstância rara dado o carácter genético e a evolução rápida da doença. Este facto, que se mantém ao longo dos séculos, é, contudo, satisfatoriamente explicado pelas suas características genéticas – início tardio dos sintomas, penetrância próxima dos 100% entre nós e algum grau de endogamia de algumas das populações afetadas.
Uma das zonas mais afetadas do mundo é a Póvoa de Varzim. A Póvoa de Varzim está no centro de uma zona piscatória muito rica, cuja área de influência se estende da Galiza à Figueira da Foz. No séc. XVIII é a maior praça de pesca do Norte de Portugal. Um autêntico exército de almocreves bate diariamente os caminhos, fazendo penetrar nas províncias do interior o peixe da Póvoa. A partir do séc. XVII assiste-se ao florescimento da indústria de construção naval. Carpinteiros poveiros são solicitados pelos estaleiros da Ribeira das Naus em Lisboa devido à sua capacidade técnica.
A partir da região da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, a Paramiloidose vai seguir as viagens dos pescadores ao longo da costa: estende-se para o norte até Viana do Castelo e para o sul até à zona de Buarcos e Figueira da Foz.
Começa depois a penetração para o interior seguindo ligações comerciais e agrícolas: Barcelos e Braga são focos importantes de Paramiloidose. Os agregados da Serra da Estrela, particularmente o de Unhais da Serra (20 famílias atingidas), são de mais difícil explicação. Existiram nesta terra umas termas famosas para o «reumatismo». É possível que paramiloidóticos, a elas tenham recorrido e assim aí se tenha implantado a doença.
Nos finais do século XIX começa, com a era industrial, a migração para as grandes cidades: primeiro o Porto, depois Lisboa.
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