A amiloide é uma substância de natureza proteica que se deposita no espaço extra-celular de vários tecidos. Amiloidose, não é mais do que a doença que resulta da presença desses depósitos.
Trata-se de uma designação genérica, para as fibrilhas proteicas, com afinidade seletiva para o vermelho do Congo, birrefringência verde maçã na deflexão da luz polarizada e características particulares na microscopia eletrónica.
A amiloidogénese envolve precursores proteicos específicos que quando sujeitos a: alterações da clivagem proteolítica; substituições especificas de aminoácidos ou simples produção em excesso, constituem agregados proteicos que se depositam.
Estes agregados apresentam uma estrutura ordenada, formando fibrilas com 75 a 100 Angstrom em corte transversal, comprimento indeterminado e configuração βeta-pregueada na difração de raios-X.
Os vários tipos de Amiloidose, sua apresentação clínica e evolução, dependem dos órgãos atingidos, podendo ser estabelecidos padrões clínicos conforme a proteína precursora envolvida.
As formas sistémicas estão normalmente associadas a processos inflamatórios e infecciosos crónicos, doenças hereditárias, doença dos plasmócitos, ou diálise crónica. Os depósitos de amilóide localizados estão presentes na doença de Alzheimer, encefalopatias espongiformes e diabetes tipo 2.
As amiloidoses são um grupo de doenças caraterizado pela deposição de uma proteína insolúvel nos tecidos, a amilóide, que se deposita no espaço extracelular de vários tecidos. As amiloidoses são também conhecidas por doenças conformacionais, uma vez que, uma proteína normalmente solúvel dá origem a agregados insolúveis com uma estrutura ordenada, as fibrilhas de amilóide, através de um mecanismo que envolve alterações da conformação.
A apresentação e a evolução das amiloidoses dependem dos órgãos atingidos, podendo ser estabelecidos alguns padrões clínicos conforme a proteína precursora. A classificação atual de uma amiloidose assenta na composição química das fibrilhas e não no quadro clínico.
Podem ser divididas em amiloidoses não hereditárias e amiloidoses hereditárias.
As amiloidoses não hereditárias podem ser primárias ou secundárias. Na amiloidose primária a proteína amilóide é um fragmento da cadeia leve de imunoglobulinas (proteínas que fazem parte do sistema imunológico), que é produzida em excesso por células imunológicas. Geralmente está associada a doenças da medula óssea, como por exemplo o mieloma múltiplo. Afeta normalmente homens de meia idade.
Na amiloidose secundária (disproteinémica) a proteína depositada é a amilóide sérica A e é produzida pelo fígado quando ocorrem processos inflamatórios. Este tipo de amiloidose pode ser observada em pessoas portadoras de doenças inflamatórias intestinais (Crohn e colite ulcerosa), com artrite reumatóide, osteomielite, tuberculose, entre outras. A evolução da doença traduz-se por um grau crescente de incapacidade sensitiva, motora e autonómica.
A amiloidose primária é fatal, normalmente secundária a falência cardíaca ou renal. Tem uma esperança de vida de 2 a 10 anos, após ter iniciado os sintomas sensitivos.
As pessoas que apresentam amiloidose secundária com neuropatia amilóide normalmente morrem devido a alterações subjacentes à amiloidose sistémica. Não há tratamento específico para este tipo de amiloidose.
As amiloidoses hereditárias podem ser classificadas segundo os sinais clínicos e o tipo bioquímico da proteína amilóide envolvida. O principal órgão afetado é o fígado mas órgãos como o coração, rins, pele, cérebro também são atingidos. Este tipo de amiloidoses destaca-se pelo envolvimento do Sistema Nervoso Periférico e são herdadas de uma maneira autossómica dominante.
No caso da PAF, que se inclui no grupo das amiloidoses hereditárias, as fibrilhas de amilóide são, essencialmente, constituídas por uma variante da transtirretina (TTR), em que a alteração de um único aminoácido torna a proteína mais suscetível à formação de amilóide.
Segundo Reilly e King, as amiloidoses hereditárias podem ser divididas em quatro grupos:
PAF tipo I, de Andrade ou tipo Português com (início nos membros inferiores) – este tipo de polineuropatia foi descrito em portugueses, japoneses e suecos, entre outros. Normalmente aparece entre os 25 e os 35 anos, os sintomas iniciam-se por parestesias nos pés, seguindo-se alterações gastrointestinais ou alterações de disfunção autonómica. Esta doença é lentamente progressiva, levando ao desenvolvimento de uma neuropatia sensitivo-motora severa.
PAF tipo II, de Rukavina ou tipo Indiana (com início nos membros superiores) - este tipo de PAF foi descrita em famílias suíças com origem em Indiana e em famílias alemãs com origem em Maryland, nos E.U.A.; apresenta como principais sintomas a síndrome do túnel do carpo e opacidade vítrea.
Normalmente aparece na meia idade, com compressão do nervo mediano bilateralmente e por vezes acompanhado de opacidade vítrea. Há uma perda sensitiva generalizada mas a neuropatia periférica não é incapacitante e o envolvimento autonómico não é caraterístico deste tipo de PAF.
PAF tipo III, de Van Allen ou tipo Iowa (generalizada) – este tipo de PAF é descrito no Iowa, EUA, em familias cujos antepassados tiveram origem na Grã-Bretanha.Tanto os membros superiores como os inferiores são afetados, mas a síndrome do túnel do carpo não está presente. Inicia-se na quarta década e a morte por envolvimento renal ocorre em menos de 20 anos.
Os sintomas iniciam-se nos membros inferiores na parte distal por dor, disestesias e fraqueza seguidos de um envolvimento proximal progressivo que se estende até aos membros superiores. A disfunção autonómica não é proeminente. A maioria destes doentes fica incapacitado pela neuropatia periférica ao fim de dez anos.
PAF tipo IV, de Meretoja ou tipo Filandês (nervos cranianos) – este tipo de PAF é descrito na Finlândia e carateriza-se pelo aparecimento de uma tríade de manifestações: oculares, neurológicas e cutâneas. Segundo Makishita foram descritos casos de PAF tipo IV no Japão semelhantes aos da Finlândia. Todos os doentes apresentavam manifestações típicas de PAF, sem neuropatia periférica marcada. Pensa-se que os nervos autonómicos possam ser atingidos num estado avançado da doença.
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