sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Patologia Molecular na PAF

 

Depósitos de Amilóide e Degenerescência das Fibras Nervosas

Foi postulado que os depósitos de amilóide distorcem os elementos normais do nervo periférico, resultando em morte neuronal. Deste modo, o mecanismo patogénico associado à PAF resultaria da compressão exercida pelos depósitos de amilóide, sobre as fibras nervosas, conduzindo a lesões focais. Contudo, isto explica apenas as características assimétricas observadas em alguns doentes com PAF e não a perda difusa de fibras nervosas, que se verifica mesmo na ausência de depósitos de amilóide substanciais.

A análise morfológica e morfométrica de biopsias de fibras nervosas de pacientes com PAF foi efetuada com o objetivo de encontrar as lesões iniciais nesta patologia e os seguintes resultados foram apresentados: Apesar de a degenerescência e diminuição da densidade das fibras nervosas serem apenas observadas na presença de depósitos de amilóide no endonervo, evidencias claras de degenerescência causada pelo contacto direto com os depósitos de amilóide, não foram encontradas, sendo que em alguns casos foram encontradas fibras em degenerescência sem a presença de depósitos de amilóide e, noutros, fibras mielinizadas normais em contacto com depósitos de amilóide. Estas observações lançam a dúvida sobre a relação causal entre a deposição de substância amilóide e a degenerescência das fibras nervosas.

 

Agregados não Fibrilhares e Degenerescência das Fibras Nervosas

A existência dos agregados amorfos associados a depósitos fibrilares de amiloide, há muito que foi descrita, contudo ainda é recente a demonstração da deposição de TTR sob a forma de agregados não fibrilhares, antecedendo a formação de substância amilóide. No estudo “Deposition of Transthyretin in Early Stages of Familial Amyloidotic Polyneuropathy” foram estudados pacientes portadores assintomaticos da mutação Val30Met utilizando técnicas de imunohistoquímica e coloração com Vermelho do Congo. Verificou-se que nestes pacientes era detetada uma forma de deposição da TTR, aglomerada mas não fibrilar, negativa para vermelho do Congo. A análise imunohistoquimica desta substância veio confirmar estes dados. Este material amorfo, está também presente nas fases mais evoluídas da doença, coexistindo com depósitos fibrilares de TTR.

 

O passo seguinte foi demonstrar que os depósitos fibrilares, não são capazes de causar danos celulares e que os agregados não fibrilares são tóxicos e capazes de danificar as células. Os resultados obtidos no estudo, vieram corroborar a hipótese levantada. Efeitos citotóxicos foram detetados com os agregados não fibrilares, enquanto que tanto os depósitos fibrilhares, como a proteína solúvel não evidenciaram toxicidade.

O papel dos agregados não fibrilhares na patogénese da PAF, pode ajudar a responder a algumas questões, para as quais o mecanismo de compressão das fibras nervosas pelos depósitos de amilóide, já não podia dar resposta.

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